Não era dada a recordações. Passava com a sutileza de um trator por cima do que, de alguma forma, lhe provocasse algum desconforto. Ela era uma caixa cheia de gavetas. Algumas trancadas sem nunca terem recebido uma visita sequer. Gavetas empilhadas, cheias de memórias e histórias que não podiam ser tocadas. Talvez por algum breve instante pressentisse a presença delas. Mas isso era tudo o que conseguia a respeito. Pressentir vez ou outra a existência delas. E caminhava a passos largos, espinha ereta e aos olhos alheios, quase que intocável pelas mazelas que a vida sempre fez questão de lhe presentear. Tudo a sua volta ruía e ainda assim, a espinha não se dobrava. Sabia sorrir como ninguém. E nos sorrisos deixava transparecer um insólito desejo. Uma vontade louca e inquietante de ir além do óbvio, do suposto, do já estabelecido. E até por isso, quem sabe, as tais gavetas permaneciam fechadas. Memórias são obvias demais, emperram os passos, apertam os laços. E se algo havia o qual l...
Oi Elzinha,
ResponderExcluirVou somente aplaudi-la, está perfeito teu poema!!
Beijo meu
Obrigada amiga pelo incentivo e carinho.
ExcluirBeijos
"Nesta roda que gira e não para
ResponderExcluirBuscamos sempre mais longe
A flor que nos parece mais rara..."
Apenas três linhas definem a busca insaciável por felicidade, por tudo o que o ser humano almeja, sem perceber que está ao seu alcance, que não é preciso correr tanto assim... Perfeito seu poema!
Voltarei mais vezes...
Obrigada pela visita e pelas palavras. A insatisfação humana é sempre o empecilho para se ter felicidade.
ExcluirFico feliz por ter gostado.
Um beijo