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Mostrando postagens de junho, 2015

Então queres ser um escritor?

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se não sai de ti a explodir apesar de tudo, não o faças. a menos que saia sem perguntar do teu coração, da tua cabeça, da tua boca das tuas entranhas, não o faças. se tens que estar horas sentado a olhar para um ecrã de computador ou curvado sobre a tua máquina de escrever procurando as palavras, não o faças. se o fazes por dinheiro ou fama, não o faças. se o fazes para teres mulheres na tua cama, não o faças. se tens que te sentar e reescrever uma e outra vez, não o faças. se dá trabalho só pensar em fazê-lo, não o faças. se tentas escrever como outros escreveram, não o faças. se tens que esperar para que saia de ti a gritar, então espera pacientemente. se nunca sair de ti a gritar, faz outra coisa. se tens que o ler primeiro à tua mulher ou namorada ou namorado ou pais ou a quem quer que seja, não estás preparado. não sejas como muitos escritores, não sejas como milhares de pessoas que se consideram escritores, não sejas chato nem aborrecido e pedante, não te consumas com

Sossega coração! Não desesperes!

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Sossega, coração! Não desesperes! Talvez um dia, para além dos dias, Encontres o que queres porque o queres. Então, livre de falsas nostalgias, Atingirás a perfeição de seres. Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo! Pobre esperança a de existir somente! Como quem passa a mão pelo cabelo E em si mesmo se sente diferente, Como faz mal ao sonho o concebê-lo! Sossega, coração, contudo! Dorme! O sossego não quer razão nem causa. Quer só a noite plácida e enorme, A grande, universal, silente pausa Antes que tudo em tudo se transforme. Fernando Pessoa - 2-8-1933

Lembranças

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O que fica no depois É tudo o que não foi O resto foi consumido Até a última gota O que fica no depois É o que já não há E oque poderia ter sido Sem salvação, também se teria findo Esse depois que amacia a carne já dura Que o tempo molda e embeleza a textura É o sereno suave que cai Na pele crua, gelada, nua! Elzinha Coelho

Poetar

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Que coisa louca, o de repente vir da mente e sair na boca Tão de repente que aparentemente é coisa pouca... que coisa louca! Ver no papel, transcrito o céu que tem por dentro Ou o inferno que sem descanso te faz rebento...  Ter o instante, antes distante, na ponta dos dedos Dando formas, tecendo corpos de pensamentos Sentir que nada, consegue ser nada um só momento Te rasga a roupa, te abre o peito, te faz escravo Tão de repente... que num instante, o distante já virou ato! Que coisa louca... Elzinha Coelho