Cotidiano


A gente se acostuma
com a falta do dinheiro
com o relógio e seu ponteiro
com feijão sem tempero
com metades ou inteiros

A gente se acostuma
sem flores na janela
chuva sem telhado
gesto sem cuidado
perdas e esperas

A gente se acostuma
com a dor que dá no calo
com desmandos ou regalos
com o tempo que é fato
com o real ou o abstrato

A gente se acostuma
com a falta de carinho
com pássaro sem ninho
com a vida em desalinho
com o silêncio ou o burburinho

A gente se acostuma
E se esmera neste ato
Sem pressentir que lentamente
Deixamos de ser vida
E nos tornamos um retrato


Elzinha Coelho

Comentários

  1. Costumes que nos limita entre fronteiras.Beijos

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    1. Há sempre o limite...

      Obrigada Arnoldo, pelo carinho.

      Um beijo

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  2. Elzinha,

    Tudo bem? Lindo! Vou te confessar que sou teimosa e não me acostumo com o cotidiano. Isso tem me levado a vários embates na vida, mas estou viva.

    Boa semana e beijos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Luciana,

      Que bom que não se acostuma, eu também não, mesmo tendo que pagar por isso.

      Boa semana prá você!!!

      Beijos

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  3. lindo
    sabe aquela inveja
    no estilo

    "gostaria de ter escrito isso?"

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