Poema do Desapego
    Queria ser como a água e contornar   Como o vento e passar  Somente ser a noite e brilhar  Apenas o colo que acolhe   Não sentir vontade de ficar...   Sem raízes, sem prisões   Sem esperas, nem demoras   Ser sem ter   Doar, ceder   Tecer a vida como o vento tece a água   Contornando e passando   Com pressa de ir embora...   Mas não se é tempo, nem água, nem vento Somos presas,  pragas, pensamento Ligeirezas, ilusões, sentimentos Somos dores, sabores, amores Somos laços, temores, abraços Confusas emoções, tênues traços Sorrisos, perdas, memórias Lágrimas, sonhos, cansaços Espaços, lembranças, histórias Somos o tudo num só momento O eco, o oco, o profundo O grito de dor no tormento E o riso de alívio do mundo!   Elzinha Coelho