Poema Alado


Não posso guardar poemas. Nascem de partos extremos e dolorosos, nascem das feridas, das fendas, dos buracos ainda abertos, das valas profundas, do barro tosco ainda sem forma, nascem das entranhas, estranhas, tamanhas... Nascem! 
Não posso guardar poemas. Já chegam ao mundo livres, leves e voam pela necessidade extrema do risco de voarem. Pela bela maneira de se expressarem. Por saberem que portas se abrirão para que entrem e feito pássaros que conheceram o cativeiro, envolvem , levitam e se jogam novamente à doce aventura do voo, da liberdade, buscando outras portas e janelas, deixando sementes nas mentes sem tramelas, trancas, travas ou sentinelas. Não posso guardar poemas...

Elzinha Coelho

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