Não era dada a recordações. Passava com a sutileza de um trator por cima do que, de alguma forma, lhe provocasse algum desconforto. Ela era uma caixa cheia de gavetas. Algumas trancadas sem nunca terem recebido uma visita sequer. Gavetas empilhadas, cheias de memórias e histórias que não podiam ser tocadas. Talvez por algum breve instante pressentisse a presença delas. Mas isso era tudo o que conseguia a respeito. Pressentir vez ou outra a existência delas. E caminhava a passos largos, espinha ereta e aos olhos alheios, quase que intocável pelas mazelas que a vida sempre fez questão de lhe presentear. Tudo a sua volta ruía e ainda assim, a espinha não se dobrava. Sabia sorrir como ninguém. E nos sorrisos deixava transparecer um insólito desejo. Uma vontade louca e inquietante de ir além do óbvio, do suposto, do já estabelecido. E até por isso, quem sabe, as tais gavetas permaneciam fechadas. Memórias são obvias demais, emperram os passos, apertam os laços. E se algo havia o qual l...
Corajosamente verdadeira!
ResponderExcluirAssim é a vida, levamos com a gente um pouco de cada um que pelo tempo que seja esteve conosco, lembramos mais dos amores, dos familiares, mas eu acredito que até mesmo aquela menina que estava comigo no ponto e sorriu pra mim... Na verdade nunca temos ninguém, mas sempre somos de alguém... O que não entendemos é que a vida é corrida, seguimos caminhos, nem sempre podemos escolher companhias e damos muito adeus... acho que mais do que gostaríamos de dar não é mesmo?
Feliz que vc passou por lá, no meu canto, feliz por chegar aqui e ver tão lindas palavras...
beijinhos no coração
Como sempre você aqui embelezando meu blog com tuas palavras.
ResponderExcluirUm beijo Ana.